aqui estou, bêbado, como sempre, lembrando do maldito dia em que te conheci. foi no anjo azul, naquele buteco indigente, sujo, feio, com paredes velhas, descascadas, mesas encardidas, onde bêbados e pseudo escritores choram seus pesares e curam suas dores com amantes de uma noite. era meu lugar, e o teu também. quando te vi se aproximando com teu caminhar malemolente, minha boca secou, foi sufocante, a luz do lugar não perdoava seus detalhes sinuosos. ela fazia brilhar a tua cor de melaço, e teus cabelos revoltos. tu me olhou com teus olhos negros dissimulados e sentou-se ao meu lado, toda oferecida. eu fiquei mudo. eu sempre achei que nunca pagaria para trepar com uma mulher, mas tu era uma puta diplomada, me olhou e me seduziu com uma falsa dedicação, que eu pude jurar que eu era mesmo o último homem no mundo. eu era um homem solitário, e admito que nunca fui displicinado por virtude, minha natureza sempre foi discaradamente desordenada. eu achava que o amor era uma coisa estúpida, um sentimento rídiculo que só existe em horóscopo. mas tu me fez engolir seco esse meu conceito. depois de uma vodka, fingiu amor, e nem por isso baixou seu preço. te levei pro meu quarto de aluguel barato, pra fazer amor sem amor numa cama com lençóis velhos, desses que esquentam o corpo. você foi logo tirando a roupa, e eu querendo te tratar feito gente. você me puxou, arrancou minha roupa, e me chupou com teus lábios de verniz acarminados. eu sabia que era só pelo dinheiro, mas eu gostei de passear meus dedos pelo teu corpo fingindo que você não era uma puta, e sim minha. você me fez sentir uma atração satânica, e me fez temer pelo meu destino. o movimento convulsivo dos meus dedos no teu corpo enquanto você mexia o quadril e me sentia em você, depertou em mim um amor secreto. eu esqueci que você não prestava, e me apaixonei pelo rubor cinico do teu rosto. quando gozei, você me tirou de você rapidamente, se vestiu e pediu seu dinheiro, pois tinha pressa, outros clientes a esperavam. nunca senti na minha vida vontade de bater em mulher, mas senti uma vontade de te descer a mão e te proibir de ir embora. paguei, e você saiu apressada, colocando os brincos que nem combinavam com você, de tão vulgares. no outro dia troquei o lençol da cama, comprei rosas, espalhei pelo quarto, e voltei ao buteco pra te procurar. te encontrei e te convidei para o meu quarto novamente, tu me sorriu debochada, com jeito de bêbada. subiu as escadas cambaleando, e quando entrou no quarto e viu as rosas, sorriu mais ainda. pouco me importei, mas você desdenhou, rasgou as rosas, disse que só trepava por dinheiro. isso que é gostar de ser puta. nesse dia te mandei embora, e você saiu tateando até a porta de tanta vodka, deixando pra trás o floreiro de rosas vermelhas que comprei pra ti. saiu porta afora feito uma louca bêbada, deixando a bolsa com uma maquiagem velha e um perfume barato. joguei na parede teu estojo de rouge sujando o chão de vermelho, e fiquei no quarto, sentado, com o peito rasgado e sentindo cheiro de flor morta. de vez em quando ainda ouço o bolero do teu gemido, naquele quarto barato, que nem você. sei que nenhuma dama da vida, me fará esquecer o cheiro maldito da flor de pétalas venenosas que você usava no cabelo. sabe, eu quis colocar no teu cabelo botões de flor de laranjeira e te tratar feito gente, mas você preferiu a vodka e uma vida decadente. e hoje eu fico aqui, bêbado, lembrando que nunca vou esquecer teu cheiro ordinário de puta triste.
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Encontro super romântico! Beijos
ResponderExcluirE pior que isso acontece. Ficamos putos quando as putas não nos querem.
ResponderExcluirEu queria saber se algum dia alguém vai me amar como amou essa puta diplomata, assim no estalo. E me pedir pra voltar, porque eles nunca voltam.
ResponderExcluirTalvez ela aceitasse um bouquet de notas de 100 euros.
ResponderExcluiré porque você não é puta dandara, se você fosse, daquelas bem bandidas, eles voltavam.
ResponderExcluir(Y)
Cara, se todos os homens se apaixonassem assim por elas, puteiros seriam a morada dos cupidos.
ResponderExcluirLindo luna *-*
Do caralho essa história xD
ResponderExcluirEu só existo porque meu pai se apaixonou por uma puta (é, pode me chamar de filho da puta), então esse tipo de coisa realmente acontece. Mas nem todas recusam um pouco de amor, pelo menos por um tempo. Mas sabe como é, uma vez puta, sempre puta shaushuahsua;
Coitado dele kkkkk
ResponderExcluirTeu texto me lembrou o filme "Closer".
Ótimo texto, Lu.
Beijo!!
O amor é impontual, besta e debochado. Tem horas que penso que ele deveria ficar apenas no horóscopo, mesmo, Lu.
ResponderExcluirVoto na paixão, essa sim, promete pouco, alegra a alma e o corpo, e nunca me decepcionou.
Adorei, como sempre. Gosto demais do teu jeito de escrever.
Beijo, beijo.
ℓυηα
por essa puta, eu me apaixonaria. Fácil
ResponderExcluirhá cheias dessas por ai... todas enrustidas
ResponderExcluirTrata-se de um bêbado.
ResponderExcluirTodos dessa "laia" sempre se apaixonam pela mulher errada e sofrem feito cão.
Luna, você é foda!
beijos.
Sabe, isso me faz pensar um pouco. Não nas putas, mas nas mulheres de um modo geral. Ontem mesmo falava com uns amigos, sobre quando nós homens damos o melhor de si para alguém, e simplesmente somos ignorados e desprezados como o cara aí em cima. É uma puta sacanagem, mas não é coisa de puta, é comum com qualquer mulher.
ResponderExcluirCaralho. Quase me apaixonei pela sua puta também. Ufa, dessa saí ileso!!!! Acho que foi porque li seu texto sóbrio. Hehehehehe bjs
ResponderExcluirOtimo texto! gostei do jeito que escreveu.
ResponderExcluirGrande Abraço! Moça que Dança!
Um texto maravilhoso, e o seu livro, quando sai?
ResponderExcluir=)
Um beijo, e que bom que às sextas estás aqui.
Foda como sempre Luna :)
ResponderExcluiradorei.
beijos
o amor as vezes tem desses deboches, né?
ResponderExcluirótimo!
beijos...
da polpa eu tira a fruta,
ResponderExcluirda puta eu tiro a roupa"
o camarada esqueceu desse detalhe.
bom texto luana.
você deveria vim em Cachoeira - BA, o puteiro aqui seria fonte de inspiração para você.
De onde você tira essa inspiração capaz de deixar a gente sem ar??
ResponderExcluirbjs e Parabéns :))
aquela sensação de quando vc olha sem querer aquilo que vc quer ver...descreveu bem
ResponderExcluirLuna, caraca! texto impecável!
ResponderExcluiré mesmo de deixar sem ar!
beijo