terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ano novo sucks

Acordei com o barulho do caminhão de lixo, a TV ainda estava ligada e a vitrola também. Nela estava um disco do Johnny Cash, acima da vitrola vi um calendário de bolso... Cara, faltam dois dias para o ano novo. Tomara que esse ano apareça alguma banda nova e boa.
Em 2009 eu tive o pior natal que eu consigo me lembrar. E fiz 24 anos, eu estou tão desesperado por diversão que meus cabelos estão caindo em ritmo prodigioso. Preciso curar essa ressaca de natal, eu vou ter que parar de beber, tenho que acabar com esse azar que se esconde em todas as gavetas da minha cassa.
Odeio essa troca de ano, eu me esforço tanto para me lembrar de devolver a caneta quando faço algum cheque, preencho tudo de forma mecânica, eu não vou lembrar de colocar o dez ao invés do nove, serio... Vou levar tipo um ano pra me acostumar, aí vou estar errado de novo, Jesus!
Dia 31 é dia de levar a caixa de isopor cheia de Brahma para o quarto e me trancar lá, bebendo, arrumando os DVDs e os LPs, dar nome e terminar os quadros que estão pela metade... é dia de dormir cedinho.
Portanto ano que vem votem em algum tema legal para eu poder escrever rindo e ouvindo Sonic Youth, Beatles, Pj Harvey, Jerry Lee Lewis, Queens Of The Stone Age... E não coisas tristes que só saem de mim quando ouço o velho finado Cash.

Frase laranja da quarta postada na terça:
"Porra J. ou você finge que é viado pra esconder que tá catando uma pá de mulher ou finge que pega uma pá de mulher pra esconder que é viado"
Junker

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Fio de memória

Se escondeu entre o sofá e o criado mudo, sorria aliviado, ele jamais contaria do seu sofrimento. Não entendia porque tanta alegria com a morte de algo do qual lhe trouxe tanta vida, todos de branco erguendo seus brindes e seus sorrisos, enquanto ele de luto, erguia apenas os olhos para o relógio da parede, angustiado, contava os segundos que o aproximariam do próximo ano. O coração se apertava entre a carne e as costelas, saltitante, será que aguentaria permanecer em paz? Olhavam abismados para ele, comentários pela metade, ele é louco ou o quê? Alguns já sabiam, ele leva a sério demais essa coisa de vida nova no próximo ano, era sempre assim, todo de preto, muito bêbado, bem emocionado e no dia seguinte a memória já era outra, uma página em branco para os próximos 365, nada de mágoas e ressentimentos, ele levava mesmo a sério isso de vida nova, diziam. E é algum problema? Não, ninguém sabe, ninguém quer saber se é ou não, ele sempre desaparece durante 364 dias e reaparece aqui, como se lembrasse finalmente da família, mas deixa ele, é feliz assim. E riam todos com a velha piada, todos os anos era exatamente igual, mas poucos sabiam do final.
Então os fogos explodiam no céu, juntamente com todos os olhares e sorrisos, e feliz ano novo, vida nova para você e para mim, saúde para dar e vender, abraços e lágrimas, enquanto o senhor de luto agonizava, sem entender porque comemoravam a morte de um ano tão feliz, ele fora tão feliz, tão jovem quanto o ano que morria ali em poucos segundo e um soluço, uma dor no peito, o coração explodira com mais um fogo de artíficio, que lindo o céu todo vermelho. Que lindo esquecer dos dias passados, um livro em branco, feliz ano novo. Novo, o ano.
É vida renascendo, suspirava ao despir o luto.
É a vida que insiste em morrer e nunca consegue.

domingo, 27 de dezembro de 2009

Carta de Natal

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Querido Papai Noel,

Esse ano me comportei bem. Escovei os dentes. Disse "por favor", "com licença" e "obrigado". Não xinguei minha mãe. Nem meu pai. Nem meu irmão. Não joguei lixo na rua. Não briguei na escola. Tratei bem os animais. Tratei bem os idosos. Arrumei meu quarto. Não desarrumei meu quarto.

Mas

Eu não trepei esse ano, Papai Noel. Eu quero trepar.

Eu PRECISO trepar.

Mesmo.

Do que adianta fazer isso tudo, se eu não trepo. Se as coisas continuarem assim, vou voltar a ser uma pessoa péssima e horrível, como sempre gostei de ser.

Por isso, gostaria de pedir um presente especial:
Uma mulher.

Mas

Não é uma mulher qualquer. É uma mulher especial.
Nem é TÃO especial, só gostaria que ela tivesse algumas qualidades, pois me deixaria muito feliz.

Ok.

A mulher tem que:

Ser legal.
Ser engraçada.
Divertida.
Cheirosa.
Ter a pele macia.
Ter o cabelo macio.
Ter a orelha macia.
Ter a bochecha macia.
Ter dentes.
Ter umbigo bonito.
Ter bunda limpa.
Ter voz bonita.
Ter inteligência bonita.
Ter atitude bonita.
Ter um objetivo na vida bonito.
Beijar bem.
Falar bem.
Andar bem.
Olhar bem.
Ouvir bem.
Tocar bem.
Chupar bem.
Lamber bem.
Comer de boca fechada.
Não pode babar.
Não pode tirar meleca.
Nem ficar escarrando na minha cara.
Nem comer remela.
Tem que aguentar tomar porrada de mim.
Tem que aguentar sentir meu peido.
Tem que aguentar o meu soco na sua cara.
Tem que aguentar meu chute na sua buceta.
E soco nas costas, enquanto transamos.
E porrada com cano de ferro, enquanto transamos.
E pontapé no queixo, enquanto transamos.
E chute nos peitos, enquanto transamos.

Acho que tá bom.

E o nosso encontro tem que ser especial. Não pode ser apenas: eu acordo, e ela tá la na sala, esperando pra gente trepar. Você tem que fazer algo especial. Acho que você devia trazer ela amarrada e vendada. Quando chegar aqui, você coloca ela de quatro, ainda vendada, com tampões nos ouvidos, para não me ouvir chegar, e com a boca tampada, pra não poder gritar muito alto, que me irrita. Então eu entro bem devagar e acerto um um socasso nas costas dela, com toda a minha força. Aí eu saio metendo. Vai ser romântico.


Assinado,
Meletribas

sábado, 26 de dezembro de 2009

sorriso de borboleta e sangue de lantejoula

O vento arrasta a cidade de terra e sopra nos ouvidos de Jennifer o hino de natal cantado na igreja vizinha. Ela choraria se fosse uma mulher de lágrimas, mas o caminho já conhecia e deslizava sorrateira pelos sentimentos como essa poeira vermelha por toda parte. Era sim uma mulher feita disso e junto com aqueles desconhecidos cantava baixinho para ninguém ouvir, relembra as lágrimas da mãe quando a fez aprender na infância para comer o pão na missa de domingo.

Em sua vida nada fica por muito, só é o tempo de passar o batom vermelho e colocar a blusa, a mini saia e de tirar da penteadeira uma máscara. Máscara? Amarra com um elástico, o cabelo já em nó. Hoje, morava numa casa grande, vários quartos e uma sala com sofá longo que se estende por todo cômodo. Arte Déco, disse um viajante enquanto era chupado no corredor.

Arte Déco, sim, mas nada sabe das paredes, prefere olhar para as árvores retorcidas sobreviventes de incêndios, ou para o céu a esperar uma tempestade que possa distraí-la por alguns minutos. A sua função ali, além de dar e receber, era a de ligar a lâmpada vermelha que na porta da casa afirmava a instituição que ali possuía. Não entendia o silêncio dos quartos todo dia 25 desse mês tão desnecessário.

Deixa as paredes para encarar o asfalto fervendo por debaixo das botas dele que a observa impetuoso, Jennifer bate os dedos na terra fofa e desenha um sol com o dedão do pé. Ele a olha com sede, com medo talvez, mantinha a distância de quem analisa uma bactéria, com curiosidade tátil de um cego. Mas ela, moça risonha, graciosa com o seu balançar de dedos e pernas, ajeita a saia de lantejoulas vermelhas e a máscara de carnaval agora pendurada no fino pescoço.

Mais um sorriso e um aceno para que perca o medo e venha de uma vez só. Ela já o espera com um copo d’água gelado. Se precisasse o sugaria para a maciez de sua vulva grossa próximo à sombra fresca de seus seios que poderia dormir por todas as noites quentes. Ele vestia uma bata vermelha e um gorro torto sustentava na cabeça, a barba alta tinha os pêlos grossos do braço forte e do restante do corpo.

- tenho sede

- já tinha visto

- tens olhos de serpente

- abusado

- obrigado pela água

- me come?

Capinava a sua vulva com a sua língua áspera enquanto ela abria o seu saco vermelho, encontrara canivete, aranhas, dinamite e maconha. Não encontrou o que buscava. Ele continuava ali tocando Beethoven entre suas pernas, ela ouvia os sinos de natal. Jennifer feroz mastigava as lantejoulas com a máscara de carnaval firme no rosto, ele explode na sua cara enquanto de prazer ela canta novamente o hino que logo mais ouvira.

Esparramada no chão com os restos dele, sonha mais uma vez entre o brilho vermelho que repousa em sua face. Ele, homem de coragem, vem lhe retirar dali, daquela poeira em seus olhos duros, ou que ao menos a mate com uma dessas armas que eles sempre carregam consigo como se temesse a própria vida. Ela não teme e não quer renascer porra nenhuma. Acorda com a noite silenciosa de natal. Como já esperava, ele se foi a deixando um recado de batom na parede arte déco de seu quarto imundo.

“Você têm os mesmos olhos de serpente da sua mãe. E a sede de seu pai”.

Papai.”

Jennifer, atônita, encontra um embrulho em papel de presente, trêmula, ao abrir encontra uma foto três por quatro de sua mãe já falecida e desenterrada agora. Relembra o que ela sempre falava, que mais dia ou menos dia o seu pai voltaria para retirar o único sentimento que ainda sobraria naquela família. E ele veio, pisando na sua máscara de carnaval, com um saco de presentes lhe dando força para apertar o gatilho.

Sorriso de borboleta e sangue de lantejoula.

Todos cantam o hino.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Papai noel, filho da puta

Um boquete de natal, esse é o presente, nada de ceia, nada de Cristo nasce e remorrendo nada de ano novo nada de revivências e vivências nada de sabedoria nada de souvenires, nada dessas viadagens, nada dessas frescuras, tudo se resume e sempre se resumiu ao bom e velo boquete de natal

Quente e rápido, proibido e delicioso, êxtase escondido, transgressão inocente, lágrimas face abaixo, Jimmy Page solando, um boquete de natal, que seja mais rápido porque não tenho tempo a perder que seja quente porque esse mundo é muito frio que me exploda porque não aguento inanição que eu morra porque não tenho coração

Ainda é de se lembrar, apenas para deixar registrado, o jeito ridículo que você aparecia de gorrinho e sem roupa alguma, improvisando maneiras de dançar, andar, falar e meu corpo suado e catinguento não queria saber de mais nada além do bom boquete no natal

Claro, não leve em conta que hoje eu moro sozinho e as pulgas pulam em volta de mim, Jimmy Page me abandonou e agora só Miles smiles e bota a mão por cima do meu ombro e sopra alguma nota isso quando não está chapado de heroína

É tempo dos solitários irem comer pizza no bar, afinal a felicidade não se compra, e todos são melhores no natal, até minhas angústias são melhores, e eu recebi um presente hoje: cobranças. O boquete de natal não tenho, uma mulher só de gorrinho com voz de taquara rachada não tenho, me resta a punheta de natal

Isso é triste, isso é deprimente, mas também é engraçado, todos são melhores no natal. Até as pizzas que você compra na esquina, afinal de contas.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal Por Dentro

É véspera de natal. Outra vez. Estou trancado em casa. Outra vez. Eu, uma arma carregada, trinta comprimidos de Levitra 10mg, uma garrafa de vinho, dezoito latas de cerveja e um peru congelado. Na verdade... Não sei bem o que fazer com isso. Estava pensando em assar o peru, mas acordei tarde demais para pegar a receita na Ana Maria Braga, cara que tragédia!
Sou só eu que não entende o natal? É tipo uma festa cristã para comemorar o aniversário de um judeu? Isso faz sentido para alguém?
Vou tomar minhas dezoito cervejas. E vou fazer o coração desse peru bater novamente. Eu corto a ave ao meio e cadê o coração dessa porra? O peru nasce oco? Ou será que eu fui enganado... E ao invés de um peru me venderam um tipo de... Erh... Ave oca transgênica argentina? Eu vou descarregar minha arma nesse peru... Ou seja lá o que ele for! Ou melhor... Assim que o açougue abrir eu vou implantar um coração de galinha e trazê-lo de volta a vida!
Ok, o peru (?) vai ficar para segundo plano. Ainda tenho onze latas de cerveja, então vou me concentrar no vinho. E vou começar a engolir os levitras. Tenho que tentar me entreter com essa arma. Não passa nada de bom na TV durante o natal. Ainda mais às onze da manhã.
Calma ai, meu pau começou a crescer! Legal, parece ate que passei verniz, parece um cogumelo e está brilhando! Nunca comi ninguém no natal, eu não devia ter cortado aquele peru. Oito latas de cerveja, meio litro de vinho e dez comprimidos de levitra, será que vou morrer? Meu pau não para de crescer, realmente parece um cogumelo! Vou tomar mais quatro levitras e vou subir pelado no meu telhado, deitar no chão e esperar meu pau crescer até fazer sombra, como um guarda-sol, um cogumelão!
Dormi e acordei no fim da tarde vomitando loucamente. E de pau duro, mas agora meu saco estava inchado. O mundo tinha cheiro de churrasco e vomitei por muito tempo... Sério, literalmente pensei que meus pés iriam sair pela minha boca e eu iria virar ao avesso. Mas depois melhorei. Porem, desisti do levitra, pelo menos por hoje. Não que eu tivesse um objetivo para ele, mas a idéia de um guarda-sol pareceu interessante enquanto havia sol.
Desci do telhado e voltei para casa. E continuei com minha cerveja. Me dei conta que o peru (?) estava me encarando. Ele não tinha cabeça, mas estava me encarando... Me encarando com o cu! Atirei nele, uns três ou quatro tiros... Quando me senti seguro recolhi os pedaços da tal ave e coloquei na geladeira para o almoço do dia seguinte.
Pensei em usar as outras balas em mim mesmo, alguém alem de mim já pensou em morrer no natal? Mas eu resolvi desistir... Sei lá... Em 2010 o Corinthians está na libertadores, quero ver no que vai dar.
A minha bebida esta quase acabando... Ainda tenho três latinhas, mas o vinho já se foi há bastante tempo. O natal também esta acabando. Amanhã vai ser embaçado, as primeiras 72 horas depois do natal são pura ressaca... Você só se cura no terceiro dia, ou melhor, ressuscita no terceiro dia... Não é irônico?

Frase laranja da quarta feira:
"Eu só quero minhas férias, uma passagem pro Pernambuco e um cú pra eu mijar dentro"
Meu ex chefe

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Último Natal

Não posso fazer nada mais do que sorrir, entrevado entre alguns sonhos e muitos desejos, estas minhas pernas não mais me obedecem. Você disse ontem sobre a magia do natal, que belo! Nunca acreditei em Deus, porque acreditaria em Papai Noel e espírito natalino? Sempre acreditei era nas lendas sobre o Chester, seria ele mesmo uma ave normal ou uma cria de laboratório? Deveria te pedir desculpas por todos os presentes atrasados? Dia 25 é como todos os outros dias 25 de todos os meses de todos os anos, o que posso fazer? A morte não chega embrulhada, sabia? Ninguém te avisa que vai morrer com um sorriso no rosto, pelo menos, meus médicos deviam ter rido depois, cena memorável do paciente mais ranzinza recebendo a notícia do câncer. E eu nem joguei os maços de marlboro vermelho, sabia? Aumentei a quantidade, justo não? Já que vou morrer, quero ir pro inferno com o sabor deles nos lábios, os dentes amarelados, sorriso sacana prá quem mais estiver lá.
Obrigado pelo presente, mesmo assim, encaro com um presente de aniversário atrasado. Católicos engraçados, ficam se presenteando quando é aquele otário que nasceu no dia 25, bom, dia 25 é uma data inventada pelos mercadores, não é? O cara poderia ter nascido em qualquer dia do ano e vocês jamais saberiam, então, todos são obrigados a serem bonzinhos no dia 25 de dezembro. Porque não serem falsos assim todos os dias do ano hein? Eu adoraria ser tratado todos os dias com essa falsidade, ganhar presentes, ver que todos e até você, se importam comigo. Por isso o câncer, o único que me dava atenção era o marlboro.
Não preciso de abraço, filhinha, nem eu te dava carinho quando você precisava de um pai presente, não é justo que agora eu receba tudo aquilo que eu jamais lhe dediquei. Não que soe falso, qualquer pessoa vai ter algum carinho pelo seu pai, sendo ele quem for. Obrigado, pelo abraço, ultima vez que ganhei um, foi de uma prostituta, estava tão bêbada que precisou que eu segurasse para que não caísse na sarjeta.
Fica assim, se eu passar da véspera, eu juro que compro um presente prá você, pela internet. Também canto canções natalinas, finjo compaixão pelos demais doentes daqui e vou abraçar um por um, sorriso no rosto (não o sacana, tenho que treinar algum outro), e dizer, putz, e dizer com todo o sacrifício do mundo, e acredite, você não sabe o que é ter algo no seu peito te comendo e muito menos sabe os efeitos que a química pode fazer no seu corpo (não os da cocaína, quem dera!), um feliz natal. De mais a mais, fico com o meu papai noel, que é vermelho, tem 20 presentes dentro de uma caixinha e não quer sair da minha boca.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Preguiça do Caralho

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Anabômio acordou às duas horas da tarde. O corpo todo dolorido. Havia dormido mal. Todos os seus problemas haviam poluído seu sono. Levantou-se com muita dificuldade. Chão gelado. Olha para trás, a cama. Ela está ali. Ela diz "venha, volte para cá". Ele diz "não posso, o mundo me chama, tenho meus afazeres."

Anabômio está se arrastando pelo mundo. Faz tudo nas coxas. Ele não pensa em nada. Se distrai com o teto. Ou com a bolinha de papel no chão.

-Anabômio, ACORDA!! Trabalha!!!! - grita seu chefe, que o observava há dois minutos, estarrecido.

Anabômio se vira, fazendo com que o fio de baba que escorre de sua boca se parta.

-Sim, chefe - ele diz num tom monocórdico.
-Tu tá bem? Aconteceu alguma coisa? Você sempre foi meu melhor funcionário. Me preocupa estar agindo assim. Pode me contar se estiver com algum problema.
-...
-ANABÔMIO!
-Oi, hum, o que, falou comigo?? - disse com olhos descoordenados.
-...Não sei o que faço com você. Vai pra casa, vai. Você não tá rendendo hoje. Descansa pra trabalhar direito amanhã.
-É... oi? Ah, tá.

Ele sonambula hipnoticamente até seu prédio. Só consegue chegar em casa pois realiza o mesmo trajeto há muitos anos, nem faz ideia de como conseguiu voltar. Aperta algum andar qualquer no elevador. Tenta abrir a porta. Apartamento errado. O vizinho lhe comunica o engano. Ele finge compreender. O vizinho, percebendo o estado crítico das coisas, o acompanha até o elevador e aperta o andar certo. Anabômio consegue entrar em casa, após lutar com as chaves por alguns minutos. Desaba no sofá da sala.


Três semanas depois.



-Tlinca! Chega de bagunça, vem me ajudar a arrumar sua mala. E você também, Torba. Seu pai deve estar lá em casa nos esperando, não quero chegar tarde. Falei com ele que iríamos chegar de viagem umas sete da noite. Na verdade só deixei um recado, faz alguns dias que tento falar com ele mas não consigo, os telefones não funcionam bem aqui neste hotel. Espero que esteja tudo bem, que não esteja trabalhando demais, como ele sempre faz.

Eles chegam à porta do apartamento. Sentem um cheiro estranho no corredor. "Será que estão deixando lixo espalhado pelo prédio? Ou será que algum cachorro fez cocô aqui no nosso andar?"

Ao entrarem, se deparam com uma cena um tanto perturbadora e traumática.

Anabômio passou a maior parte das duas últimas semanas deitado no sofá de sua sala. O cheiro é insuportável. Fezes, urina, restos de comida, baratas e formigas ornam o ambiente. Garrafas de bebida, vômito. As roupas de Anabômio estão podres e se rasgaram. Suor e cheiro de corpo. Sua barba está enorme, cheia de pedaços de comida e úmida na região próxima a sua boca. As unhas estão gigantes e negras. Os olhos estão petrificados pela quantidade de remelas. O corpo coberto de perebas nojentas. O bafo é indescritível, assim como os restos de comida em seus dentes. É difícil encontrar algum ponto no chão da sala que não esteja imundo e podre.

Assim que a porta se abre, os dois filhos vomitam e começam a chorar. A esposa deixa as malas cairem em cima da sujeira. Assustados, os dois filhos saem correndo de casa. Vládvia se aproxima de Anabômio, com cuidado, tentando evitar o mar de lixo que inundou a sala.

-O que houve, querido??? O que houve??
-Hum, oi, o que, falou comigo?
-Anabômio, o que está acontecendo? O que significa isto?
-Isto o que?
-Isto! - ela responde dando um tapa em seu rosto, para que acorde.

Assustado com o golpe, Anabômio arregala os olhos.

-Acordou agora?

Dando as costas para Vládvia, vira-se para o outro lado para voltar a dormir, e responde:

-Já estava acordado. Só estou com um pouco de preguiça.


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Dulce em queda

“Você é a cara do meu pai.

O carnê em dia, a pontualidade na traição, sempre às quintas.

Calcula as sobras e os zeros. Se perfuma, bebe umas pra ter coragem, bate o carro.

Diz eu te amo com sinceridade de padre.”

Andréa Del Fuego.


Dulcinéia olha apagada para a chama do fogão. Têm os olhos mais escuros do que o pó do café, pele em dobras de pano de mesa. Borda para as cidades vizinhas, conta histórias em linhas finas, gosta do gosto de sangue do dedo que sempre perfura. Seu filho, quando fica com os olhos perdidos em brasa, a chama de dona Dulce e pede que não fique acordada o esperando, vivo volta para o próximo café, ele diz. Ela sorri limpando a poeira escondida, enquanto ele carrega os pires de prata no bolso. Liga o rádio para não ouvir a porta bater.


Aos pés da virgem, faz a primeira oração do dia com os pulsos entrelaçados num terço azul claro e na cabeça um véu vinho que ganhou no aniversário. Reza baixo, reza lento, as cortinas escondendo as já falsas janelas de sua casa. Mas o tempo não passa, na rádio o almoço não vem, a vida para nos braços de algum amor deixado para trás, impossível. Para cada pai nosso, uma lágrima raivosa por desejar morrer antes de o crepúsculo avermelhar tudo novamente. Penitencias a cumprir.


Ela cultiva a aparência e não corta o cabelo, as unhas entortam, já mortas, não desgrudam do corpo. Dulcinéia não tem ninguém para sujar mais xícaras, comer o bolo, sujar o chão, para não dar descarga e lhe foder gostoso como Mário fazia bem. Trocada por uma trapezista, sequer viu o circo passar e os dotes daquela que levou o seu homem. Ela sonha sempre com quedas, tombos em praça pública, cabeça que se racha em uma lona azul feito céu e o terço que marca os seus dedos finos. Nunca mais contou estrelas desde que soube que Mário morrera voando. Ainda reza para alma dele esquecer a sua e lhe deixar definitivamente só.


Pois o crepúsculo chega sob os seus olhos laranja em espanto. Escuta a porta ranger, os passos de leve no piso de açúcar, em som vê o paletó caindo no chão, os pingos de chuva que ameaça lá fora, o sonzinho que faz com a boca quando enfim tira a gravata e solta a fivela do cinto. Sem respiração fica no meio da Ave Maria, a sombra dele projetada no altar de madeira. Tem pressão baixa e treme as pernas só de pensar com o toque dele já em seus cabelos amendoados. Rendida não se mexe, arfa e deixa ser carregada.


Para longe. Dentro da música do Roberto Carlos. Em cima dos pés grossos dele. Nos lábios marrons, entre os pêlos de seu braço. No bolso dele e na cueca volumosa. O seu suar tem cheiro de creme Monange, a pele dele lixa a sua fina camada. Geme nos ouvidos dele palavras de amor de alguma canção que ele desconhecia. Ele que só vem quando as luzes apagam, quando o circo arma o espetáculo e o dedo segue o caminho do paraíso. Sorri agradecida.


Largada no chão o seu filho a encontra. Pergunta se está tudo bem. Maravilhada com a sua educação plástica, diz estar tudo ótimo e lhe pergunta qual o horário pode servir o café. Mas ela não encontra resposta, pois seu coração tampa os seus ouvidos, apaga seus olhos, desmonta o seu corpo, embranquece mais a sua pele monange. Morta, suja o chão da sala. Que ele passa por cima. Seca a garrafa do café, pega as chaves próximas da geladeira, volta para a sala. Olha para o corpo verde em vestido florido. Retira com cuidado o colar de pérolas do pescoço gélido da falecida, enfia no bolso e bate os olhos dela sem cuidado algum junto à porta de sua casa.


Orgulhoso, leva para o pai o colar de pérolas já prometido à trapezista.



Nota: Eu? Na sexta? Pois é, nossa amiga Luna foi presa roubando margarina no mercado. Está tentando pagar a fiança com o corpo, mas o guarda gostou e não quer soltá-la. Cretino. Caso ela consiga sair de lá, ela aparece aqui no sábado contando tudo pra passar inveja na Katrina.

Obs.: o meu forte é a intriga.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Nove rios de porra

Era a última vez que ela levava por trás. Literalmente, digo. Naquele mundo onde as televisões nunca são desligadas, onde as camisetas são rasgadas e tudo é lubrificante e ela conseguiria se afogar num mar de substâncias que preenchiam seu cu para deixá-lo liso e escorregadio tal qual um tobogã ela jurava gritando enquanto mordia a fronha e sentia tudo sendo rasgado por dentro era a hora de injetar algo injetem algo no meu rabo ela gritava a plenos pulmões até que um pau calou sua boca e uma outra língua feminina começou a envernizá-la era só o que me faltava - ela pensou - eu vou ser empalhada, esses filhos da puta não vão me deixar sair viva daqui viva a taxidermia

Diziam que ela chupava um pau que nem ninguém essa moça de família burguesa essa vagabunda que dá pra todo mundo essa degenerada imoral mas o quela podia fazer - não era puta, tinha contas a pagar - eram seus amigos, que sempre quiseram meter no seu rabo - e agora metiam quase todo dia - deviam ser gays, nunca viu alguém gostar tanto de sexo anal

Hoje ela pensou em tanta coisa hoje ela estava morrendo de dor hoje ela vai morrer de dor agora ela está agonizando agora ela rola pelo chão rola pela cama agora não sabe mais quem agora vai receber tantos paus quanto possíveis bem que diziam que cu buceta e boca no final das contas era tudo buraco e agora ela não pensa mais é tanto pau e seu clitóris e seus seios sendo chupados agora ela cavalga em frente cavalga ao horizonte lança em riste atravessa alguém bebe seu sangue enforca com as tripas nascem asas de mariposa cai despinhadeiro abaixo arrebenta todo o seu corpo quebra o crânio desloca a coluna fratura exposta os pés quebrando e girando em trezentos e sessenta graus em câmera lenta e os olhos atravessados por pedras pontudas e caindo na água e escalando navios e seu corpo sendo lambido e todos os buracos sendo preenchidos ela não viu isso em nenhum filme ela tem certeza que não mas quando você está morrendo que diferença faz afinal de contas quantos filmes você viu

Pau veludo vinil buceta tapete penteados esdruxúlos morte súbita combustão espontânea cu lubrificante KY erupção acne gozo fluído topetes chapéus rosa-choque lâmpadas queimando soterrada por mariposas rayban quebrando e furando seus olhos estamos todos em chamas iremos morrer carbonizados em alto mar deus ainda irá nos estuprar e veneno de rato corre por nossas veias e tudo vai acabar quando a gente vomitar juntos na banheira cheia de gelo e vendermos nossos rins em troca de uma trepada bem que eu saiba que nós nunca conseguiremos parar com isso

Obrigada por me deixarem no chão coberta de porra, vocês não sabem como eu amo isso

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quem engole a raiva acaba cagando sangue

Bom, eu tinha 14 anos e estudava em escola publica. Era baixo e magro, e a maioria dos outros caras da escola eram mais velhos e tinham o senso de sociedade de um gorila macho e boa parte era metido a bandidinho. Quatro deles eram os principais carrascos, e o “líder” desses quatro era o que sempre começava... Deus, como se essa idade já não fosse uma merda. Eu sempre com poucas palavras era o alvo, qualquer objeto que fosse atirado ia à minha direção, alem de qualquer outro tipo de agressão. Eu falava pouco e pensava muito... Tinha sangue de barata. Claro que sempre vinha vontade de reagir, mas eu pensava “cara, olha seu tamanho... você não dá conta, se controla”.
Eu com 17 bebia demais, beirava a loucura... me sentia reprimido, emasculado... Engolia a raiva... Cresci 10 cm em três anos, foram 10 cm de raiva. Eu tinha que acabar com isso, senão eu iria morrer... Estava beirando uma ulcera um câncer... Não sei cara, eu me sentia como se eu fosse Jesus e aqueles quatro fossem o próprio diabo encarnado. Eu queria pegar uma arma e fazer, eu tinha que fazer cara... eram eles ou eu. A raiva é um sentimento do caralho, ou você mata com ela ou ela te mata... É sem chance.
E no meio do ultimo ano de escola eu estourei. Estavam fazendo a mesma coisa de sempre, e aqueles três anos de merda estouraram de uma vez. Eu peguei uma cadeira e joguei na direção dos quatro, eles ficaram chocados e eu fui correndo na direção deles, eu sentia as veias do pescoço e quase explodindo e os dentes trincando... Estava quase em transe. Eu peguei o primeiro que apareceu e comecei a descer o braço na cara dele. Bati e continuei batendo e vendo o nariz, a boca e quase o rosto inteiro sangrando... Sentia os amigos dele me chutando e tentando me segurar, sentia a minha própria mão se rasgando... Mas eu não ia parar... Eu não conseguia. Ate que me seguraram, e eu vi aquela massa sangrenta imóvel no chão... Eu estava mais calmo, na verdade eu estava até orgulhoso.

A frase Laranja da quarta feira:
"Mais ou menos é medida de cu."
Junker

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Sob as dobras do corpo

A amava, disse, mas faltava tesão. Magricela demais meu bem, minhas mãos ficam apalpando um vazio terrível, uma pedra de gelo nos meus braços, escorregadia. Falta carne, seios pequeninos demais, coxas finas, seca demais meu bem. Homem gosta de ter onde apertar, de morder os ombros carnudos, pegar com segurança nos seios, apalpar as coxas, dar alguns tapas obcenos no traseiro. Tem que comer mais, pára com essa idéia de ser magra, que gordura demais faz mal, mal é ser assim, esquelética.

Ela chorou inicialmente, nunca achara que ser magra estragaria o seu relacionamento, justo com o homem dos seus sonhos, o tal príncipe encantado, o famigerado homem da sua vida. Engoliu as lágrimas, respondeu-lhe que seguiria o conselho, prá quê alimentar sonhos de modelo? Já passara da idade, seus planos atuais incluiam uma faculdade e uma aliança, tanto faz se na mão direita ou esquerda, mas tinha que ter o nome dele gravado. Se para isso, teria de engordar, então o faria com gosto. Com o tempo se acostumaria com suas novas formas, quem sabe ficasse mesmo mais atraente, com mais carne, seios mais fartos?
E assim foi, 2 quilos, depois 4 quilos, 5...7....10... Olhava-se no espelho e ainda se achava esquelética. O namorado sumira, diziam os amigos que tivera que viajar a negócios. Ainda bem, pensou, quando voltar, ficará feliz com a surpresa. 15 quilos, 20, 25... O corpo já não comportara elegantemente seus 85 quilos, as curvas antes acentuadas e sinuosas, se tornaram um caminho perigoso aos viajantes. As calças apertadas mostravam com evidência o que lhe sobrara, os seios fartos explodiam nos sutiãs, as blusas sempre tão pequenas, a barriga tão grande, o bumbum uma massa homogênea de celulites e estrias. Mas estava magra, olhava-se no espelho com tristeza, ainda era para si, a mesma magricela sem carne que não conseguia atiçar o tesão de seu namorado. 30 quilos, 35, 40... Não se assustava com os 115 quilos que a balança lhe indicara, sorria para o espelho com uma coxa de frango assado entre os lábios, os amigos lhe diziam que ele voltaria em uma semana, foi promovido a diretor executivo, um carro do ano e importado, cobertura na região sul da cidade. Era a felicidade em pessoa ao se imaginar casada com ele.

125 quilos na tão esperada semana da volta. Estava vestida num microvestido tamanho GG, saltos grossos que tremiam e avisavam uma futura quebra, que seja uma equilibrista então, cuidado com os passos. Os cabelos longos, num penteado retrô, moda dos anos 80, as gordinhas que usavam-no com frequência atualmente. Ainda a magreza lhe incomodava, faltava-lhe carne, pensava. Não havia mais como engordar, tentara de tudo, e 125 quilos ainda lhe foram suficientes, era aquela coisa esquelética no espelho que ainda via. A cada passageiro que desembarcava no aeroporto, seu coração batia mais rápido, suas mãos procuravam desesperadamente alguma barra de chocolate perdida em sua bolsa, os pensamentos se confundiam entre a saudade, o medo e a fome. O último pensamento, mesmo sem nunca existir, era sempre a prioridade. Foi quando ele apareceu, de terno italiano, no mínimo; bronzeado, havaiano certamente; os cabelos loiros, coloração francesa. Trocaram os primeiros olhares, ela sorridente, lábios sujos de chocolate, braços abertos na esperança de que ele viesse ao seu encontro. Ele decepcionado, não acreditando que aquilo era a sua namorada, aquela gorda com a boca suja de chocolate, os braços abertos e as axilas manchadas. O que lhe acontecera? Seguiu adiante, com o fluxo, na esperança de que ela não o seguisse. Suas costas, seu passado. Suas fraquezas ficaram no calcanhar, apertado, nem Aquiles soltaria os nós que as prendiam.

Viu seu namorado, o famigerado homem da sua vida, indo embora após ignorá-la completamente. Prá quê gritar? Sair correndo atrás dele, um escândalo para ambos, ainda mais para ela, tão bela, mesmo magricela e desajeitada. E a sua auto estima, onde ficava? Sob as dobras de seu corpo? Engoliu as lágrimas, pegou algumas notas. Comeria mais algumas barras de chocolate da máquina ao seu lado. Se ele não gostava de magricelas, problema o dele. Homem gosta de carne, de ter onde pegar, ouvira antes. Estava fazendo a sua parte e obtivera sucesso. Mesmo magra, já tinha onde pegar.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Minha Querida Puta

"Eu pego no seu peito
E estraçalho com minha mão
Ahahaha! Se fudeu, puta
Eu não disse que NÃO ia estraçalhar o seu peito"

(Zé)



Querida Puta,


Puta.
Eu gosto do som dessa palavra: PUTA.
Soa forte e imponente.
Puta.
É algo que se deve respeitar e que faz mover as montanhas.
Bom, pelo menos faz mover o meu pau. Mas isso não é algo muito difícil. Ele é como uma pluma no meio da ventania. E você, Puta, é a minha ventania. Quando te vejo, minha pluma sobe. Sobe até se perder de vista.

Minha pluma gosta de entrar dentro da tua caverna, tua cratera, larga e húmida. E minha pluma flutua lá dentro, leve e sem destino.

Eu gosto quando você vem aqui em casa. A gente transa. E é bom.
Você diz "oi" e eu digo "oi, chupa meu pau". Te pego pelo cabelo e forço a sua cabeça nele.
"ISSO, VAI, CHUPA!!!!!!". E você me olha com aqueles olhinhos cheios de amor e sexo a transbordar. Você adora quando chuto a sua barriga depois que estou enjoado de você me chupar.
Eu continuo chutando e chutando até você cuspir sangue e desmaiar. Ah, o seu doce sangue. É tão bom espalha-lho no meu rosto e nos meu cabelos.

É divertido transar com você desmaiada. É um tanto engraçada e sexy sua cara desacordada. E eu posso meter com toda o força que você não diz nada! Então eu meto e meto, e fico balançando a sua cabeça, puxando sua orelhas, seu nariz, sua língua, forçando você abrir a sua boca além do máximo possível. Depois que enjoei de comer você desmaiada, começo a introduzir objetos no seu corpo. Enfio uma lata de leite condensado em sua boca, aspargos nas orelhas, chaves de fenda nas narinas, meu tênis na sua vagina, e minha vassoura no teu cu. É tão lindo que uma lágrima chega a escorrer pela minha face.

Depois disso, pra variar, e pego meu bisturi e abro um buraco novo no teu corpo. Da última vez foi na tua coxa, ? Estou realmente começando a ficar enjoado dos buracos tradicionais. Nada como meter num buraco novo, virgem. Um buraco que derrama sangue, que derrama vida, que pede para o meu membro invadi-lo.

Estou cansado de comer essas menininhas sem graça que pego por aí. Elas não tem nem um décimo da sua sexualidade. O seu corpo berra sexo. Ele cheira e tem gosto de sexo. O nome do seu corpo é sexo. As outras mulheres são como bonecas infláveis. Não tem emoção. E elas também não aceitam o meu dinheiro. Se elas ao menos comessem o meu dinheiro enquanto trepamos, como você faz, teria alguma graça.

Acho lamentável que você esteja no hospital. Não imaginava que os buracos que abri em você fossem infeccionar dessa maneira. Se você tiver que amputar uma perna eu compro uma biônica. Compro uma dessas vaginas de plástico e mando implantar na sua coxa para que eu possa voltar a comer a sua perna. Também não sabia que iria gerar várias complicações a inserção de objetos nos seus diversos buracos. Se soubesse que iria lhe causar surdez, não teria colocado os aspargos tão fundo na sua orelha. Nem teria colocado aquela chave de fenda enferrujada no seu nariz, se soubesse que daria uma infecção pulmonar irreversível.

Meu sobrinho estava dizendo outro dia como ele acha a prostituição importante. Ele disse ser muito importante para a economia de um país. E como é importante termos acesso ao sexo no momento que desejarmos. De ter uma mulher para compartilhar com os amigos. Ou para abusar e humilhar. Ele disse que quando crescer que ser cafetão, para poder administrar mulheres maravilhosas como você.

Certa vez, enquanto eu trepava com você desmaiada, ele te abraçou e disse que gostaria de ter uma mãe como você. Eu perguntei o porquê e ele disse que nada é mais lindo do que uma mulher que se prostitui, que vende o seu corpo para os homens. Uma mulher que espalha a felicidade e diversão, que faz do mundo um lugar menos sofrido e um pouco mais feliz. "É verdade", lhe disse, "estou começando a entender por que não vejo mais razão em fazer sexo de graça".

Espero que você não morra para que possamos continuar a transar. Mas caso você morra, tentarei levar seu corpo sexy para meu apartamento. Meu sobrinho vem demostrando interesse em mulheres frias, apáticas, e sem emoção.


Com muito desejo por sexo,
Homem

sábado, 12 de dezembro de 2009

Fala Entupida

"...angustia é fala entupida. ana c."


Preciso te dizer tudo. O que aconteceu. Não foi mero incidente. Isso pode ser uma carta, sim, mas assim não a chamo. Tem a pretensão de explicar, mas se alonga raivosa como uma dúvida. Porém. Não me submeto a um papel frágil, a uma letra rabiscada, não me submeto a falar tudo isso dentro dos seus olhos em brasa.

Eles sempre ficam, nós passamos assustados por debaixo dos traumas. Reconheço o que é fraco em mim, o que não sustenta o peso de uma lágrima que já veio em seus olhos. Com você foi diferente, bastou lhe pegar pelo braço e amaciar os cabelos. Dourados. Pele dourada sob os faróis. Isso não apaga, fica tatuado, preso na garganta. Você me disse quanto ficaria e eu disse para onde ir. Sabíamos do caminho. Mas nunca sabemos quando parar.

Vou lhe contar em segredo, soprar no seu ouvido já em pedaços nos lábios de outro, eu sei, mas deixo em seu corpo um traço para quando depois de tudo ainda se lembrar do que fui para você. Mesmo que vagamente. Confuso, eu sei, mas só acredita no que eu escrevo, porque não falo, não escancaro, não enxugo lágrimas de vagabunda. Calculo a altura de um teto em noite escura como se dali tirasse uma frase que resolvesse rápido. Não resolve. Só aprofunda.


Os anos passaram e houve um dia. Onde a fala entupia até explodir o peito. E o sangue jorrava do nariz. Sorria para os pombos como se ratos também não se rastejassem para ingerir. Podridão. Mas as pernas eram curtas demais e os braços tortos não agarravam. Beijava o ar para entender de solidão. E não entendia. Só quando rasgaram a primeira carta, definitiva, foi preciso engolir todas as palavras e soterrá-las junto com o pedaço de corpo podre no sótão.

À noite,

danço com demônios.

De dia,

visto a sua capa.


Rosto despedaçado, quando te vi, a peça que faltava era o beijo que nunca teve. Dois poços de silêncio afundados no banco do carro, olhávamos distraídos um do outro para dentro das luzes da cidade, feito em Taxi Driver, o lixo engolindo as ruas, transbordando dos bueiros, senti que precisava deixar isso para trás. Em você. E engolir de vez o seu corpo. Dessa vez, apodreceríamos de paixão.

Já longe dos bueiros, paramos na trilha do trem, o mato cobrindo a ferrugem e abafando os seus gritos. Não precisava tampar os olhos, tentar engolir os soluços. Chorou tentando fugir dos trilhos, eu precisava te puxar e dizer que o fim seria nos meus braços. Não foi. Você arrependida dos saltos, me disse o seu nome mostrando a identidade. Não mentiria para alguém que carrega Fernando Pessoa no banco detrás.

Elise. Não li o resto, bastava. Te dizer uma enxurrada de palavrões quanto o que você precisava era embebedar-se de amor em conta gotas? Eu achei. Eles te acham como uma carne sangrando no espeto dessas noites frias frízer de um sábado sem bolero. Então, me confundi entre flores e espinhos. Não sabia como agradar. Você disse que podia machucar, pisar com força, arranhar a sua pele que dela nada mais faria. Te golpeei com o meu silêncio. Rendida, no chão, pedia que eu a chupasse, que esmurrasse a sua cara vadia, quebrasse dente por dente, rasgasse os seus olhos com uma gilete. Mas não. Não mordo a casca quando o que me interessa é o sumo.

Ali no chão, na ferrugem daqueles trilhos, encontrei com os seus lábios agridoces e secos de contato. Senti que o seu beijo tinha gosto de passado, presente, de futuro. Naqueles trilhos. Rastejei para te ingerir. Densos quanto à nuvem que nos isolava do resto. Seus músculos descasavam dos malditos toques de todos os outros. Já acordada tentando puxar um filete de ar, assusta com fios do meu cabelo entre os seus dedos. Se arrasta, se afasta. Rala a pele nas pedras agudas e finge não lembrar das agulhas. Diz não estar bem, que fez besteira para o resto da vida. Que não poderia ser mais puta, que puta não beijava, não chorava na frente de cliente. Que não sabia o porquê estava explicando. Porque não entendia. E fugiu. Não conseguiria te prender, as suas asas eram fortes. Mais rápida do que chegou, logo desapareceu das minhas vistas.

Depois disso, voltei ao seu ponto e não mais te vi. Para as outras, paguei por resposta. Nunca existiu Elise ali. Existia Betina, Jennifer, Vanessa. Mas Elise nunca se viu. Fiquei sabendo. Novamente te perdi. E agora a minha face despedaçada se fazia esperando a peça que se desprendeu na ausência de mais um beijo.

Então selo essa carta sem endereço algum

Guardo para sempre junto com as outras

Elas se aglomeram em montes montanhas

Me despenco do alto

Caio na altura do teto

Em noite escura

Durmo com Ela nos braços

Ela me chama de ninguém

Eu a chamo de esperança

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

cheiro de flores partidas

aqui estou, bêbado, como sempre, lembrando do maldito dia em que te conheci. foi no anjo azul, naquele buteco indigente, sujo, feio, com paredes velhas, descascadas, mesas encardidas, onde bêbados e pseudo escritores choram seus pesares e curam suas dores com amantes de uma noite. era meu lugar, e o teu também. quando te vi se aproximando com teu caminhar malemolente, minha boca secou, foi sufocante, a luz do lugar não perdoava seus detalhes sinuosos. ela fazia brilhar a tua cor de melaço, e  teus cabelos revoltos. tu me olhou com teus olhos negros dissimulados e sentou-se ao meu lado, toda oferecida. eu fiquei mudo. eu sempre achei que nunca pagaria para trepar com uma mulher, mas tu era uma puta diplomada, me olhou e me seduziu com uma falsa dedicação, que eu pude jurar que eu era mesmo o último homem no mundo. eu era um homem solitário, e admito que nunca fui displicinado por virtude, minha natureza sempre foi  discaradamente desordenada. eu achava que o amor era uma coisa estúpida, um sentimento rídiculo que só existe em horóscopo.  mas tu me fez engolir seco esse meu conceito.  depois de uma vodka, fingiu amor, e nem por isso baixou seu preço. te levei pro  meu quarto de aluguel barato, pra fazer amor sem amor numa cama com lençóis velhos, desses que esquentam o corpo. você foi logo tirando a roupa, e eu querendo te tratar feito gente. você me puxou, arrancou minha roupa, e me chupou com teus lábios de verniz acarminados. eu sabia que era só pelo dinheiro, mas eu gostei de passear meus dedos pelo teu corpo fingindo que você não era uma puta, e sim minha. você me fez sentir uma atração satânica, e me fez temer pelo meu destino. o movimento convulsivo dos meus dedos no teu corpo enquanto você mexia o quadril e me sentia em você, depertou em mim um amor secreto. eu esqueci que você não prestava, e me apaixonei pelo rubor cinico do teu rosto. quando gozei, você me tirou de você rapidamente, se vestiu e pediu seu dinheiro, pois tinha pressa, outros clientes a esperavam. nunca senti na minha vida vontade de bater em mulher, mas senti uma vontade de te descer  a mão e te proibir de ir embora. paguei, e você saiu apressada, colocando os brincos que nem combinavam com você, de tão vulgares. no outro dia troquei o lençol da cama, comprei rosas, espalhei  pelo quarto, e voltei ao buteco pra te procurar. te encontrei e te convidei para o meu quarto novamente, tu me sorriu debochada, com jeito de bêbada. subiu as escadas cambaleando, e quando entrou no quarto e viu as rosas, sorriu mais ainda. pouco me importei, mas você desdenhou, rasgou as rosas, disse que só trepava por dinheiro. isso que é gostar de ser puta. nesse dia te mandei embora, e você saiu tateando até a porta de tanta vodka, deixando pra trás o floreiro de rosas vermelhas que comprei pra ti. saiu  porta afora feito uma louca bêbada, deixando a bolsa com uma maquiagem velha e um perfume barato. joguei na parede teu estojo de rouge sujando o chão de vermelho, e fiquei no quarto, sentado, com o peito rasgado e sentindo cheiro de flor morta. de vez em quando ainda ouço o bolero do teu gemido, naquele quarto barato, que nem você. sei que nenhuma dama da vida, me fará esquecer o cheiro maldito da flor de pétalas venenosas que você usava no cabelo. sabe, eu quis colocar no teu cabelo botões de flor de laranjeira e te tratar feito gente, mas você preferiu a vodka e uma vida decadente. e hoje eu fico aqui, bêbado, lembrando que nunca vou esquecer teu cheiro ordinário de puta triste.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Teresa Duas-Onça

Era feriado no meio da semana. Eu tinha feito a quadra na mega sena e queria comemorar, no bordel duas músicas estavam tocando ao mesmo tempo e tinha gente demais para uma quarta feira, então te vi e meu pau endureceu na hora, eu já estava meio alto por causa das duas ou treze cervejas que eu tinha tomado assistindo o jogo do flamengo. Peguei duas vodcas e te entreguei uma, lembra? Você disse que eu devia ser o filho da puta mais legal do mundo. A cintura fina e as coxas grossas, muitos bêbados estavam a sua volta... você era a garota com mais dentes na boca e não tinha cicatriz de cesariana. Assim que encostei na sua xana ela ficou molhada, não da para fingir isso. Não eram os cem reais, nem as doses de bebida, nem as carreiras de pó que estavam te excitando, era eu. E você não escondeu isso.
Depois disso eu comecei a te ver todas as semanas, e depois de um tempo nem cobrava mais, só pedia para eu pagar o taxi... Isso quando não passava um tempo aqui em casa. Seus joelhos ralados por ficar de quatro no tapete, dia e noite... fazia tudo o que eu mandava "Tire a roupa, depila o seu cu... busca uma cerveja pra mim... deita no chão, para de respirar, agora chupa e canta o hino do flamengo com meu pau na boca!”, sua obediência me dá tesão. Bebíamos demais e não foram poucas as vezes que você jogava pinga na minha cara e depois me oferecia um cigarro. Mas tudo bem, a cada dia te conheço e te invento um pouco mais. E não há sequer uma imagem sua que eu crie de manhã e não esteja apaixonado por ela a noite.
Comprei vários vestidos e mal posso esperar para ver você se despindo deles. Já marquei hora com o cirurgião, ele me disse que tem jeito de consertar seu mamilo... Daqui pra frente prometo que vou morder com carinho.
Juro que não te chamo mais de puta, você é santa. Você é dez vezes santa e ama os pés sujos de Jesus. Eu sei que você esta entediada, soube que sua televisão quebrou novamente. Seu batom vermelho nos dentes amarelos, o sorriso falso que você coloca no rosto quando eu digo que não vou mais voltar, isso não engana ninguém. Esconde a cicatriz, o pior já passou. Só você me deixa quente, então afasta essa dor... Esse cão vadio. E deixa eu te encher de amor.

PS: Assumo sua gravidez e eu pago o aborto.



Beijos Teresa.

Frase Laranja da quarta feira:
“Pessoas do Universo, hoje a noite será a noite em que os céus se abrirão e ejacularão a mão divina com o dedo apontado. E eles dirão: Pessoal, vocês não são só patos, são humanos. Vocês são humanos! Agora espalhem-se, espalhem-se e destruam tudo!”
Thurston Moore

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Rosa flor cristal.

Eu sei que não deve gostar disso, aliás, não deve gostar de cartas de amor. São rídiculas, uma vez já disseram a muito tempo atrás. Mas fiquei com vontade de me sentar e escrever uma, há coisas das quais precisam ser exaltadas inúmeras vezes, para que recebam o respeito que merecem. Teu cuzinho, meu amor, é uma dessas coisas. Lindo, sabia? Já disse, tantas vezes, um pedacinho de carne roséa, rosa flor cristal, que eu rego, buraquinho que me conduz ao paraíso, apertadinho, eu vou tão fundo que rezo para nunca encontrar o fim. Uma obra de arte barroca, quando se abre e sorri para mim, sim, ele pedindo sempre que eu entre, acenda a minha vela dentro até que a cera quente pingue e te faça gritar. No sétimo dia Deus não descansou, ele criou o seu cuzinho. E quando você caga? Meu amor, aquilo sim, deveria ser preservado, a pureza do seu rabinho, branquinho e depiladinho, com aquilo marrom saindo e caindo em mim... Cheiro de flores e mel, morangos e chantilly.

Estou sendo terrivelmente meloso? Desculpe-me, mas como controlar tal paixão desenfreada por algo incrivelmente perfeito? Até o gosto dele, agridoce, único. Minha língua sente todos os dias a falta daquele seu cuzinho perfeito na minha cara, vontade de roubá-lo para mim, colocar num pedestal ao lado da Virgem Maria, orações para que abençoe sempre esse buraquinho onde fiz minha morada.

PS: Meu amor, pensei bem durante dias sobre o que andamos conversando. Tenho sido miseravelmente egoísta com você. Mudanças são sempre bem vindas, acho justo que você também sinta exatamente o que eu sinto quando meu pau entra em você. Tenho um pouco de medo, deve ser normal não? Mas um pouquinho de lubrificante talvez ajude. Só peço que deixe essa vidinha de lado, não precisa ficar dançando práquelas mulheres (inclusive a minha), naquele inferninho. Já disse que te pago uma kit net e a faculdade, aliás, pago qualquer coisa, sabe disso.

PS 2: Em anexo com a carta, vem aquela cueca boxer vermelha que você queria. Meu pau fica duro só de pensar em abaixá-la e ver teu cuzinho, o meu amorzinho, rosa flor desabrochando e brilhando como cristal, sorrindo satisfeito prá mim.

domingo, 6 de dezembro de 2009

O Leite é Gostoso - ou - A Família Modelo

"Dorme com sua mãe tão naturalmente quanto com qualquer outra.
Se for com um animal do campo que satisfaz seu desejo,
não sente nenhuma revolta.
Pode possuir sua própria filha com igual gozo e satisfação"

Henry Miller, "O Mundo do Sexo"




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Pemba é um bebê. De 45 anos.

-Mãe, quero leite, quero chupar suas tetas gostosas.

A mãe vai até o seu berço. Pemba levanta e é carregado no colo de Armlanga.
Pemba pega uma teta grande e mole de sua mãe e começa a sugar. O leite sai quente e saboroso.

-Ai, mãe, que delícia. Esse leite. Tua teta. Eu gosto.
-Que bom, meu filho.

Armlanga liga a tv e põe um filme para assistirem. É um belo filme pornô. Na cena inicial, o ator suga a grande teta da atriz.

-Olha, mãe! Olha, mãe! Ele tá fazendo que nem eu! Ahhhhh, que legal!
-Isso mesmo filho! Sugue bem a teta de sua mãe. Que nem o ator do filme.
-Estou sugando, estou sugando - e Pemba suga com muita vontade a teta.

Então entram na sala Perínio e sua mãe, Bucétea, segurando Perínio no colo.

-Oi, pai - diz Pemba - você também tá sugando a teta da sua mãe!
-Sim, filho, estou faminto.
-Eu posso provar da teta da vovó?
-Claro, querido - responde Bucétea.

Bucétea pega Pemba no colo e este começa a sugar a teta de sua avó. A teta de Bucétea é mais molenga que a de Armlanga.

-Tá um pouco azedo o seu leite, mas dá pra beber.
-Ahahaha. É a idade! Com 85 anos o leite fica com esse sabor mesmo. Mas pode beber despreocupado, não vai dar diarreia.
-Vó.
-Sim, querido.
-Sabe, eu descobri que também produzo leite. Né, mãe?
-Sim, filho!
-É mesmo? E como que é?
-Mostra pra ela, mãe, mostra!
-Eu? Mas você não consegue fazer sozinho?
-Sim, mas eu prefiro quando você faz em mim.
-Está bem.

Armlanga vai até Bucétea e pega Pemba.

-Aqui, mãe - Pemba exibe seu pênis.

Amrlanga começa a masturbar Pemba.

-Isso, mãe! Mais rápido! Mais rápido! Olha, vó, olha!!!

Alguns segundos depois, Pemba ejacula no rosto de sua avó.

-Ahahaha, que bonitinho - diz Bucétea - Já pode trabalhar em filmes pornô.
-Sim, eu quero ser ator pornô quando crescer.
-Vamos treinar então, filho - disse o pai, Perínio - Faça com que eu produza leite.
-Ok, pai.

Pemba engatinha até o pai, que está sentado no sofá, e inicia a masturbação paterna.

-Vai, filho, mais rápido, mais força.
-To tentando, pai. É difícil em você!
-Se quiser ser ator pornô, tem que conseguir em mim. Usa a boca pra ajudar!
-Boa ideia!

E Pemba lambe e chupa o pênis do pai.

-Olha, querida, como ele chupa o meu pau! Igualzinho a você, puxou a mãe!
-Puxou a mim na verdade - disse Bucétea - pois EU que ensinei tudo a ela. Quando vocês se casaram ela não sabia fazer nada direito. Deixa eu mostrar pro meu neto como fazer isso direito.

Então Bucétea utilizou toda sua sabedoria e arrancou o leite de Perínio em questão de segundos.

-Nossa - disse Perínio - sua técnica é impecável mesmo.
-Obrigada. Vocês chegaram a ensinar a técnica da penetração, ao Pemba?
-Sim, ele já está treinando.
-Então me mostra que sabe, Pembinha, come a sua mãe.

E Pemba foi todo animado comer sua querida mãe.

-Isso, muito bonito, Pemba. Agora, uma técnica nova. Enquanto Pemba come sua mãe, Perínio vai comer o Pemba por trás, tudo ao mesmo tempo!
-Aí, que legal, vó! Vem, pai, vem! ME COME!
-Ah, são momentos assim, sabe - disse Bucétea, com lágrimas nos olhos - que mostram como nossa família é unida e feliz.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Em Pulsos

Tropeço na contramão do desejo. Não cedo. Raspo o toco de unha na pele que esfarinha nos meus olhos ardentes. Por dentro, a terra é mais grossa, os lábios trincam de sede. Paro para conversar e distrair o anseio, a lua não me responde, calada, afirma tudo. Sem resposta a deixo nas minhas costas, ela sorri sarcástica por detrás de uma nuvem rala e escura. Volto calmo tateando os ladrilhos gelados pelo corredor, tento olhar as horas em vão, nada conheço de ponteiros, para muitos o compasso da respiração vem dali, o pulso de um peito é marcado pelo pulso de um segundo, eles dizem, não acredito.

Pois foi quando tudo parou. A batida acabou e os ponteiros desapareceram de todos os relógios. Quem marcou as horas? Minha respiração desalinhou, meu peito atrasou. Em desacordo, me equilibro no fio do telefone que diz que Maria se matou.

- Maria?
- Mas é. Maria está aqui, morta, com os pulsos cortados, apagada de vez. Pura carne branca apodrecida há três dias.
- Quantos?
- Três dias.
Três dias se passaram?
- É, Jorge. 1,2,3 dias, rapaz!
- Mas espera aí, o senhor se enganou, eu não me chamo Jorge e não conheço nenhuma Maria. Por favor, disca o número certo. Preciso dormir.
- AH...

Sempre alguém atrás desse Jorge que desconheço. Não habituado as falhas humanos, não existo para o mundo. Sempre por detrás de uma capa, de um aquário, de algum olho de chumbo que não entende nada. Será preciso largar o copo d’água gelado, nesse ar condicionado a menos graus. Preciso sim é ir dormir. Prender os pensamentos na geladeira. Enfim.

Clarice me observa, ela toma café e fuma o seu cigarro não mais vendido. Seu olhar é tão fino quanto à ponta de um bisturi, ela abre a minha pele sem pressa, aproveitando cada lasca nova que surge com cada novo coágulo de sangue que descansado aglomera numa poça em meus pés. Para cada nova camada, um piscar de olhos seus. Me desfragmenta até o osso sorrindo com cinzas nos lábios. Me coloca ali dentro do seu café e na fumaça do cigarro. Acordo assustado. Já devo ir.

E vou. Enfim arrebento o nó do cadeado e saio. Me esbarro no primeiro que vejo, jogo no chão e passo por cima. Não me mexo. Continuo. Sento no último banco enquanto me guiam até o próximo ponto já marcado sem saber para onde vou. Eu sei. Finjo não saber para conseguir aprofundar. Logo vejo: Com uma bengala, de leve analisa o alicerce em cerâmica, já sentindo o vazio oco que também é ali embaixo, recolhe-se com medo para dentro, deixando a bengala do lado de fora. Dele, apanho as rosas sozinhas da varanda, retiro as mais belas que já amarradas com a fita do cabelo da menina tem destino certo. Logo chego.

E meus ombros já pesam toneladas. Pesam mais com o cheiro de rosas por aqui. Já despedaçadas dormindo no chão, tão frágeis não agüentaram os gritos de amor. Que ela, vagabunda, fazia quando entre as pernas dele se fodia, fodia toda, gritava alto para agradar, palavras duras em cueca samba canção, segurando firme no cacete, engolindo tudo, pedindo mais, não para, para isso não, não para e não com ele. Se não tivesse luz em seus olhos, se o seu corpo não correspondesse aos toques e aos pedidos infame desse que ela também chamava de Jorge.

Lágrimas escorrendo no ralo do banheiro, mais uma vez, florais azuis no azulejo, retiro o relógio do bolso, escuto a porta bater, ele sai com papéis rabiscados no bolso direito. Entro nos olhos de Maria. Assustada, ela tenta se esquivar com suas gigantes pálpebras mesmo assim já estou lá dentro da caverna que a esconde.

A coloco em cruz amarrada na cama. Do que restou das pétalas colho os espinhos no seu pescoço amaciado com as mordidas do outro. Reencontro com o bisturi e firme abro o pulso que encontra a primeira, segunda, todas as veias grandes que não agüentam o peso do corte mais fino. Observo a veia se partindo em suas lágrimas de nenhuma dor. Quão mais o bisturi aprofunda o corte mais em cor a sua face perdia e mais lúcido se tornava o nosso romance. Agora, com as vistas oscilando, se desequilibra no tempo, alcanço o segundo pulso já mais frio. Então abro, ela tenta falar algo, mas já não sabe o que junta sentido em palavra e já escreve poemas na nuvem de suas vistas. Por fim, se despede do meu toque como alguém rendida ao primeiro mar depois de atravessar um deserto. Me despeço do último corte, o que se faz aqui no meu peito.

Borro o fim com a primeira lágrima, em cada dedo da mão um anel de dor brilha no escuro de um quarto vazio, não tão vazio quanto parece. Jorge me observa no canto, seu cabelo desgrenhado, cigarrinho de palha e lógico sua bebida batizada com as chagas de cristo ele diz, e ri, ri de mim que só aceito a máquina de escrever anulando a sua presença. Não, ele não, desdenha de tudo e não faz nada, vive, come umas putas e fica por isso mesmo. Sopra no meu ouvido tudo o que viu e sentiu, deixa bem claro todas as cicatrizes, enquanto eu bato o dedo na máquina que já respira e poderia muito bem escrever sozinha. Sozinha. Só. Foi quando Jorge me tomou a máquina e eu pulei da janela.

Corpo estirado na última linha.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

júlia, o sexo e o amor

júlia era aquele tipo de mulher que dizia que vida doméstica ficou para os gatos. era uma mulher livre, e não acreditava no amor sólido, pois dizia que o que é sólido quebra, desmancha, então preferia os amores liquidos, se servindo sempre em grandes goles diariamente, e assim se embebedava deixando escorrer pelos lábios e pelo corpo. júlia destilava veneno na sua voz rouca, era lasciva, e tudo que desejava, conseguia. ela já havia pisado em muitos corações com seus sapatos de arame, e já sabia a medida certa da crueldade. ela era uma mulher sem disfarces, e de pudica não tinha nada. gostava de ir sempre no mesmo bar, e quando entrava, todos os olhares masculinos se voltavam pra ela. ela tinha estatura mediana, cabelos castanhos escuros, curtos, lisos e cintilantes, andava sempre com vestidos esvoaçantes na altura do joelho, e quando ela caminhava eles delineavam sensualmente seu corpo. júlia lembrava uma flapper girl da década de 20. era mulher de sentar sozinha no balcão e pedir vodca. mal colocava o cigarro entre os dedos, apareciam isqueiros à sua volta. júlia tinha um magnetismo que inspirava os poetas bêbados que frequentavam o mesmo bar. outros homens mais trogloditas a esticavam e a chupavam com os olhos. os cafajestes a cortejavam, e os mentirosos e malfodidos mentiam uns para os outros dizendo que já tinham trepado com ela. mas na verdade, poucos ousavam aproximar-se dela. o que ninguém sabia é que por trás daquele mistério, o seu coração era uma prévia de carnaval. ninguém sabia que o tesão fazia fibrilar o corpo de júlia, e que a luxúria era seu pecado original. ela não gostava de ser subestimada com baboseiras, e sexo pra ela tinha que ser abrupto, feroz, e pra sua infelicidade os homens tinham medo de lhe proferir sequer um 'oi', e quando a levavam pra cama, muitas vezes broxavam. ela não assumia o papel de dominadora, pelo contrário, ela adorava um sadismo saudável, embora isso não a fizesse menos cruel, na verdade, era exatamente quando ela prendia os homens na sua teia. 

durante a vida toda júlia carregou um carma: assustava os homens.

quase todas as noites, cansada da solidão, júlia saía à procura de aventura, e numas dessas noites foi ao bar, vestida num vestido preto que dançava em seu corpo, com um salto que torneava bem suas pernas, usando seu perfume mais mortífero, e nessa mesma noite apareceu um homem que não era cliente habitual do bar, e sentou-se ao lado dela. pediu um whisky. eles se entreolharam. e sem ser vulgar, ela sorriu - júlia nunca era vulgar.

eles ficaram por algum tempo trocando furtivos olhares, e depois de algumas doses de whisky, ele puxou assunto - falou sobre a música que tocava na jukebox, e júlia sem perder a deixa engatou uma longa conversa sobre rock e poetas mortos. subitamente, o assunto acabou. era óbvio que os dois já sentiam um vapor escarlate percorrendo suas veias, e ele, sem perder tempo, de forma encantadora e ao mesmo tempo machista disse: daqui há 2 minutos no banheiro. ela mordeu lentamente os lábios, como se respondesse: sim. ele foi na frente, e ela logo atrás, meio que tentando disfarçar o tesão que explodia no seu olhar. em dois minutos estavam os dois se arranhando e se chupando como dois loucos. seus corpos pulsavam e ardiam numa febre descomunal. ele sabia exatamente o que fazer, e a virou de costas, deixando-a levemente inclinada. beijou seu pescoço, levantou seu vestido, e disse: abra as pernas pra mim - julia, trêmula, cedeu ao pedido, então ele a puxou contra ele, e o fez com tanta força, que a fez soltar um gemido abafado, dividida entre a dor e o prazer. ele respirava ofegante e a consumia com virilidade, enquanto ela soltava gemidos impossíveis de imitar. eles eram ali um macho e uma puta, uma sádica e um masoquista, e treparam até gozar como um césar em triunfo.

quando terminaram, as duas almas inquietas voltaram ao bar, tomaram mais alguns drinks e falaram mais um pouco sobre estandartes imorais e outras baboseiras. ele, iludido com a trepada, e abismado com a personalidade de júlia, acabou encantando-se por cada gesto e por cada palavra dita por ela. ele  apaixonou-se pela sua nocauteante inteligência - que era uma das caracteristicas mais sexys de júlia - e enlouqueceu de paixão observando a forma suave com que ela segurava o copo de vodca e ao mesmo tempo gesticulava com o cigarro na outra mão. infelizmente pra júlia tudo isso era bobagem e ilusão. o amor pra ela era uma coisa barata e líquida, que ela bebia quando queria. júlia era assim. era livre pra ceder as tentações e aos seus desejos. e não queria mais do que isso. mal sabia ele que ela dedicava-se basicamente à satisfação saudável de sua luxúria. 

júlia lamentava pelos pobres homens que tentaram conquistar seu amor, e o máximo que conseguiram foi sentir seu cheiro e provar seu gosto de fruta doce. júlia era egoísta, e a única coisa que ela amava, era o sexo, e muito mais ainda, a si mesma.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mastroianni me dizia

Rubini era o tipo de cara que só falava merda. Mas o cara sabia tratar uma mulher, fica essa dúvida na minha cabeça, eu saberia? Mas que porra não sei, o que é tratar uma mulher afinal de contas, talvez Rubini pudesse responder quando parasse de ficar bêbado, mergulhar na Fontana de Trevi, ir à praia de terno, acender um cigarro na guimba acesa do outro, disfarçar as olheiras que parecem mais maquiagens tribais com óculos escuros, é um filho da puta, só fala merda, mas é um filho da puta que sabe viver.

"Ouça, mas também não ouça muito, ame, mas também não ame em excesso, já te disseram que tudo em excesso faz mal esse já deve ser o vigésimo terceiro copo de café que você toma desde que a gente chegou aqui você não quer whisky vodka bourbon sex on the beach margarita

café, Rubini, café, não me encha a porra do saco (fecha aspas?)

Fico olhando o corpo já decadente do antigo galã, o cara já foi boa pinta, ele pegou a Anna naquele filme lá... Aquele difícil de achar. Aquele que ninguém viu. Mas diabos, já catou a Anna, a Claudia, a Anita, Anouk, digo que Marcello sabe viver, Marcello é um homem de mulheres

Só existe em função delas, só funciona em função delas, tudo que se mete é só pra impressionar, é delicado afeminado grosseiro e escatológico vomita nos pés e passa mel nos lábios passo mal com essa merda com Rubini Marcello barrigas salientes decadência café

"Mas você sabe, elas irão te chupar, até a última gota, elas adoram chupar embaixo dágua no bar no motel nas mansões na elite na favela onde quer que você vá você irá ser chupado e você pensa merda sobre o assunto mas sabe aqui estou no bar

"porra Rubini quando Boogey tentou me ensinar isso morreu tossindo na cama, foi catarro pra todo lado, nojento pra caralho

ele argumenta, ele não é Boogey, mas eu bem me lembro, voltei de ônibus, acho que as mulheres me desprezam, as mulheres te desprezam, Rubini?, as mulheres nos desprezam o que somos nós nesse mundo não é mesmo, a diferença é que Rubini nunca andou de ônibus Rubini é jet set Rubini é Roma, Trevi, Pisa, Rubini é doce mas Marcello entende minha amargura

acho que é hora de parar de beber sozinho

vamos, vou, vomitar em algum buraco de esgoto, que mau gosto, mas o mundo precisa voltar a uma perspectiva racional

ir, cair em alguma poça de lama e fingir que é uma fontana, caralho, Rubini, nós sabemos viver!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Cura

Hospital, ainda procuram tratamento para ainda não batizada, provisóriamente chamada de mal de Notsruht, que não quer dizer nada. Estou trancado em minha prisão de isopor. Paredes, teto e chão pintados de amarelo claro... a porta de marrom... Sem janelas, calor dos infernos. Acordei aqui a mais ou menos seis meses... Inchado e depilado. Pensei em fugir... Paredes de isopor não conseguem manter ninguém isolado... Mas estou tão fraco que não consigo arrancar nem sequer um pedaço da parede... Além disso arrancaram minhas unhas e dentes (não tenho certeza, mas acho que foi com um alicate bem velho, levando em conta o gosto de ferrugem que até agora azeda minha boca), e isso dificulta muito as coisas. Comprimidos a cada 6 horas... Injeção diária com agulhas tão grossas que fazem meus braços incharem como cerejas... Não, como grandes maçãs maduras e vermelhas. A comida horrivel, diarréia... Merda, arroz e água. Estou doente... E usando fraldas. Aqui não é muito limpo, tem dois ratos magros que aparecem de vez em quando (um cinza e um preto) batizei um de Paris e o outro de Nicolle... Acho que me apeguei, sempre converso com os dois e divido minha comida com eles... Nem sempre aceitam... A cada quinze dias (eu acho...) são feitas “sessões de controle de raiva”... Que resumidamente se baseia em uma injeção e um choque elétrico... Tão forte que meu maxilar sem contrai a ponto de esmagar minhas gengivas sem dentes. Depois disso acordo já barbado numa cama sem colchão (SUS)... Com a boca cheia de algodão pra eu não engasgar com o sangue e pus das minhas gengivas, soro nas veias, tão inchado que meus olhos somem do meu rosto, não é tão mal. Não vou reclamar, coisas ruins acontecem com gente doente... Danem-se as injustiças, a maldade, os tratamentos desumanos... A única coisa que eu peço, não... Eu imploro... Coloquem um nome melhor na minha doença!!! Seria um sonho realizado num ambiente estéril, tornando tudo quase poético...


Frase laranja da quarta feira:
"Creio no humanismo do olho do cu. Deve-se enfrentar a morte ou a merda – e o ouro exalta e transcende o homem."
Salvador Dali