sexta-feira, 23 de julho de 2010

Don't worry girl, I like it wet

Minha casa tinha um problema no encanamento, isso fazia o chão estar sempre molhado. Eu gostava dele assim.Vi uma garota na minha porta. Eu a havia chamado para beber alguma coisa e assistir algum filme. Consegui ver aquelas pernas loucas e ossudas pela janela... abri a porta antes de ser chamado.
__ Sua casa... Está molhada... – Ela disse.
__ É. Eu gosto dela assim.
Na minha casa ela me enchia de amor, transbordava, inundava. O suor , a saliva e o vazamento se misturavam... E depois ela jantava, lavava a louça e ia embora.
Ela sempre me dizia que gostava de “laços frouxos”, mas desde que me viu pela primeira vez teve a certeza que eu era um “nó cego”. Eu sorri e encarei como um elogio, mas na verdade eu não tinha entendido.
Aquela garota passava tardes inteiras correndo pela casa, batendo aqueles joelhos ossudos e barulhentos. Fazia cinco tipos de chás e tudo quanto é comida para nós dois. E bastava uma mordida na orelha para ela se derreter de tesão. Ela combinava com o meu chão molhado.
Ela me disse que era para eu arrumar o vazamento, os moveis estavam apodrecendo... mas o motivo principal eram os ratos. Ela tinha muito medo de ratos. Eu ate tentei me livrar deles, mas eles eram enormes! Eles tinham o tamanho de cães, inclusive alguns até latiam quando eu me aproximava. Eu estava literalmente morando num montão de bosta.
Então resolvi me mudar, ela me arranjou um apartamento que era do pai dela e estava desocupado. Eu não conseguia morar de graça em uma casa cedida por uma amante, e isso era causa de constantes brigas. Na ultima ela saiu gritando e batendo os saltos no chão e os joelhos ossudos um contra o outro... era quase uma orquestra de sons bizarros. Ela nunca mais voltou e começou a me cobrar aluguel.
Eu não vivia mais na merda, porem eu vivia com fome. Ela que cozinhava. Então fui ate a padaria da esquina. A única mesa livre era a da calçada. Pedi o prato do dia (costela) e uma cerveja (brahma), puxei conversa com o balconista... e a primeira coisa que ele me disse foi que gostava de garotas de 18 anos usando calcinhas de velha. Achei interessante.
Meio dia, quinta feira, novembro de 2006, trinta e cinco graus, a minha cerveja veio congelada mas a comida estava boa. Um caminhão de lixo quebrou em frente a minha mesa e empestou o lugar.Eu me sentia mais vivo, mesmo sabendo que deixar de viver numa inundação de merda e começar a almoçar no lixo não é lá muito evolução.

Frase Laranja da Sexta Feira:
"A mulher faz comida e sexo. Ela também pode contar histórias e conversar com você, para te divertir. Fora isso ela fica rodando por aí, sem entender sua própria existência."
Rafael Sperling

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cadillac Cultural

Queria eu saber amar como você... O meu amor se exprime numa exaltação violenta de tudo que eu sei e faço. E isso me torna o pior no que eu quero ser. Mas isso também me consome como se eu vivesse com uma centena de pregos dentro do meu rim. Tornando-me cansado, velho, peidorrento, desatento e realmente... Triste. Ela tem os cromossomos em seus exatos lugares e sempre uma cerveja na mão... tem simetria. Eu renasço constantemente nas suas piores maldades. Eu cedi. Nós construímos um deserto de distancia entre nossos corpos... E assim nossa tristeza cresceu a ponto de se fundirem e se tornar talvez nosso único ponto em comum. Eu lhe mando poemas com uma insipidez raríssima na esperança de conquistar (sempre chapado nem ele entende o que diz). E ela vai abortar o restante do amor que se fecundou de células literárias que serviam a ela como distração (ressaca de uma vida inteira, pirada por natureza, milagre de mudanismos, doentia ao extremo).



Frase Laranja da Sexta feira:
"Peixes não gostam de café"
Bart Simpson

domingo, 4 de julho de 2010

Sinapses

Mudo de medo
E domino o mundo

Desconfio do caminho
Tecendo um novo ninho

Que alarme
Para alar-me