quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Minha Vagabunda Preferida

Ok, então, lá está ele, em frente a um computador, sabe-se lá fazendo o que, diz ele que está tentando escrever. Meu reflexo, um reflexo de computador, mas que pessoa malditamente feia, meu deus, digo eu que estou tentando escrever aqui vai um diálogo sensacional jogo aqui uma reviravolta que ninguém pensou, no parágrafo adiante estarei usando prefixos e superlativos que só enriquecerão minhas frases e vocês verão meu nível quase europeu, ah sim, que está lá fazendo ao invés de correr por aí sabe-se lá fazendo o que vivendo de toda a vida pulsando de todo o sangue querendo explodir trepar beber sangrar gritar vomitar expulsar e talvez tudo de uma vez, mas é isso aí, ele permanece escrevendo, há uma palavra com a qual ele está tentando se confrontar e os dois já estão brigando há muito tempo e ele está pensando em uma das suas antigas conquistas e ele vê que conquista não teve alguma que conquista, filho da mãe, não há conquista quando acaba mal, isso me faz pensar, só não vá escrever isso no papel, que nunca houve nenhuma conquista, tudo está encaminhando em uma grande vala de genocídio e poluição do que adiantou os ideais franceses, e do que adiantaram as três cores – da França, da Nossa Bandeira, do que adiantaram as estrelas e listras do primeiro mundo que jogou bombas e napalm e agente laranja por aí então que vazio é esse, ele sempre se pergunta, que vazio é esse, se é falta de vagabunda, dessa bela chamada palavra dessa bela chamada letra que é bonitinha mas é ordinária como diria o grande Nelson Rodrigues ou seja lá diabos quem tenha dito isso é tão incomensurável veja, só, bonitinha, pequena, graciosa, todo mundo quer beija-la, mas ordinária, todo mundo quer beija-la e todo mundo a come, isso que falta, afinal das contas, parem com esse papo de bela dama, parem com essa burguesia, que dama, nobreza ou aristocracia, isso aqui é um patrimônio de pobre, quem deveria ser permitido a ler era só gente com renda de menos de 500 é uma grande vagabunda dá pra todo mundo não gosta de gente que presta gente que presta dá muito trabalho gente que presta você empresta eles para as lojas para eles serem manequins para eu poder invejar como eles são brancos como eles são europeus como eles são cristãos ah que porra nenhuma, vai dar pra todo mundo que essa é a sua felicidade, rebole em milhares de dedos que apertam o clitóris de suas páginas e inundam o mundo com aquele sabor meio peculiar que é a nossa língua roçando com a língua de todo mundo que todo mundo deveria falar mesmo que fale errado mesmo que seja a maior putaria eu não quero nem saber, já me foi perdido o interesse por essa mediocridade essa frivolidade essa falta de parcialidade, de calor, de poder, enfim, fazer tudo o que eu escrevi no início dessa porcaria, tem mais é que gritar mesmo, grita que ouvem, no meio da noite, quem liga de acordar alguém quem liga se você vai atrapalhar quem está lendo alguém tããão europeu que estava lendo alguma frase elaborada ah não vem se estivesse lendo Dostoievski estaria de porre e não bebericando champagne – e –é –isso, talvez eu seja extenso demais talvez eu devesse aprender o estilo das frases sucintas mas se fosse assim que graça teria, eu te amo mulher de todos, deita comigo essa noite, eu juro que o bafo de vinho já passou

4 comentários:

  1. Foda. Derramou tudo num devaneio de porra, saliva, alcool e suor...

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  2. Não tem como não se identificar com o início desse conto. Haha. E com essa estrutura mesmo que não proposital, mas que para mim é uma característica em comum de todos aq. Não queremos muitas palavras, pontos e vírgulas, queremos sangue, palavra engolindo palavra, com esses personagens insanos mastigando tudo o que imundo e cuspindo poesia.

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  3. seu texto me deixou tonta e sem fôlego...acho que me faltam vírgulas!

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