domingo, 23 de maio de 2010

A Nave do Imperador

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Estava andando na rua quando encontrei Côlintra.

-Olá.
-Ei, quanto tempo.
-E aí, que tem feito?
-Ah, nada de mais, e você?
-O de sempre.
-Soube que você se formou.
-Sim, agora vou começar minha tese de mestrado.
-Sabe, eu...

Então o céu se abriu e a nave espacial dos Felenômeros adentrou a atmosfera terrestre.

-AHAHAHAHA! Terráqueos, curvem-se diante de mim! Estamos oficialmente invadindo seu planeta!

-Como ia dizendo, ouvi dizer que tem um curso muito bom na sua área, só que fica lá em São Paulo, é o...
-VAMOS! Estou esperando! Rendam-se e façam parte do meu poderoso império.
-Me falaram que os professores de lá são excelentes.
-É mesmo? Poxa, olha, tenho que ir agora, me liga que conversamos mais sobre isso depois.
-CALEM-SE. Estou começando a perder a paciência.

Olhei para baixo, a nave dos invasores tinha o tamanho de uma caixa de sapato. Resolvi lhe dar atenção.

-Ei, seu mané, fica quieto aí. Que saco, eu tentando conversar e você falando merda sem parar.
-Olha como fala com seu novo imperador! Exijo mais respeito.
-Você não exige porra nenhuma. Acho melhor você ficar calado, antes que eu resolva esmagar você e a sua nave.
-Eu não faria isso se fosse você.
-Vamos ver.

Então pisei na sua nave. Acordei nove anos depois, acorrentado.

NOVE ANOS DEPOIS

-Oh, onde estou?
-Finalmente, pensamos que você não iria acordar mais.
-Mas o que isto significa? Por que estou acorrentado?
-Você pisou na nave do imperador.
-É, eu pisei naquela coisa ridícula.
-E agora está sendo punido! Ficará acorrentado para sempre como exemplo para os outros.

Examinei as correntes. Notei que eram feitas de um material semelhante a isopor.

-Bom, vou embora - e destruí as correntes.
-Oh, não! O que está fazendo!

Então a criatura ridícula acionou um alarme. Logo apareceram outras criaturas ridículas que começaram a atirar em mim coisas que pareciam ser bolinhas de papel. Dei um chute e matei as 15 criaturas que me incomodavam. As portas eram muito pequenas para que eu pudesse passar. Para fugir dali tive que derrubar as paredes, o que foi fácil, aparentemente eram feitas cartolina. Logo achei a sala do imperador. O agarrei em minhas mãos.

-Agora eu quero ver, seu filho da mãe. O que vai fazer??
-Não, por favor, não me mate!!!
-Eu não entendo, tudo aqui parece ser ridículo, me atiram bolinhas de papel, as correntes são de isopor, as paredes de cartolina... Como conseguiram me prender aqui por nove anos?
-Bom, na verdade, quando você pisou na minha nave ela explodiu, o que fez você tomar um susto, cair pra trás, bater a cabeça numa pedra e desmaiar. Arrastamos você para uma de nossas prisões de segurança máxima e o mantivemos preso. Só tivemos de enganá-lo a respeito do tempo, para que quando acordasse se resignasse e não tentasse fugir. Mas agora estou vendo que não deu muito certo...
-E quanto tempo se passou?
-Meia hora.

Esmaguei o imperador entre meu polegar e o indicador. Acordei 17 anos depois.

DEZESSETE ANOS DEPOIS

-Oh, onde estou?
-Você está preso.
-Mas como assim?
-Aquele não era o imperador. Era apenas uma armadilha. Quando esmagou o verme, ele soltou um veneno que o fez desmaiar.
-Sei.

Tentei me soltar mas dessa vez não consegui.

-Hum, estou vendo que dessa vez me prenderam com correntes de verdade.
-Sim, agora você está na nave do imperador.
-Ah, então vocês construíram outra.
-Outra? Como assim?
-Outra, eu esmaguei a nave do imperador 17 anos atrás.
-Não, não liga pra esse calendário. Ele está errado. Você está aqui há cinco minutos apenas.
-É mesmo?
-É. Você está ouvindo isso?

Do lado de fora estava havendo uma discussão. Olhei para a janela da nave e me vi.

-Você não exige porra nenhuma. Acho melhor você ficar calado, antes que eu resolva esmagar você e a sua nave.
-Eu não faria isso se fosse você.
-Vamos ver.

Então eu esmaguei a nave do imperador e me matei.
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