sexta-feira, 12 de março de 2010

Novela IV

Já fazia 45 dias desde aquela noite. Eva não deu sinal de vida e isso me deixou meio atordoado. Não que eu já estivesse “apaixonado” ou coisa assim. Eu tinha ficado cinco meses sem comer ninguém e até que eu estava acostumando, mas depois daquela noite percebi que faz falta. Passei dois dias de bom humor, até arranjei um emprego temporário em uma fabrica de garrafas plásticas. Trabalhei três semanas e ganhei R$500,00.
Bom, tinha sido só uma noite. Ela era uma gata de peitos vulcânicos. Eu estava com vontade de falar com ela, sair, tomar umas... Esse tipo de coisa.
Eu pedi o telefone dela para a boxeadora que ainda estava saindo com o Edivaldo. Ela usou aquelas mãos enormes de gorila para escrever em um guardanapo e me entregou. Eu liguei, ela disse que estava viajando e que ia me ligar quando voltasse e que a gente ia sair e que ia me pagar uma dose de Jose Cuervo e ela foi tão clara nas palavras que eu não entendi nada da conversa.
Desencanei. Tomei três cervejas e comi uma omelete. Sai de casa. Descendo a Augusta olhei para a direita quando passava na porta de um bordel chamado Las Jegas e vi uma mulher correndo nua lá dentro. Os seios moles balançando e uma cicatriz roxa de cesariana, ela era mais porca que jega.
Fiquei com dor no joelho e parei em um bar aleatório. Ouvi alguém me chamar, era o cara de cabelo moicano que tinha ido uma vez em casa. Ele estava com duas garotas e tinha uma cadeira vaga... Eu fui e me sentei. Uma obviamente estava com ele. A outra era bonita e estava avulsa, não bebia só fumava.
Eu nunca fui bom com conversas, e quando a conversa era com mulheres bonitas que eu não conhecia... Eu ficava meio nervoso. E ficar nervoso me deixava irritado. Irritação + nervosismo + cerveja, isso fez com que eu criasse nela uma antipatia instantânea. Ela dava respostas atravessadas e mal educadas em tudo que eu dizia... E paciência nunca foi um ponto forte meu. Então fiquei quieto e me concentrei na cerveja.
Eu não prestei atenção e não sei como o assunto caiu em big brother. Ela disse que havia feito o vídeo de inscrição no BBB e que estava confiante. E eu respondi “BBB? Biscate de buteco barato? Acho que você tem boas chances!”. O moicano e sua garota riram, e ate eu achei uma boa tirada! Ela ficou possessa... Não sei o que ela estava fumando, mas não ajudou em nada para ela se acalmar. Jogou o cinzeiro que bateu no meu peito, o copo vazio na sua frente passou perto da minha orelha. Eu pedi para ela se acalmar, usando toda a serenidade possível... Com um tom de voz estilo Mallu Magalhães. Ela jogou a garrafa de cerveja, ela bateu bem no meio da minha testa e caiu no chão sem quebrar. Eu apaguei por uns três segundos, acordei a tempo de sentir minha cara batendo no chão e se danificando mais que a garrafa.
Eu levantei, estava sangrando e sujando minha única camiseta que ainda não estava furada. A garota ainda estava furiosa e ate o moicano estava ameaçando engrossar comigo. Mandei os dois à merda e sai do bar sem pagar. Tem dia que você tem que sair de casa com três pedras em cada mão e não pensar duas vezes antes de sair atirando. Tomanocu.


Frase Laranja da Sexta feira:
"Socorro! A ditadura acabou! Pode-se fazer qualquer coisa, mas não tem nada para fazer."
Tom Zé

2 comentários:

  1. uma vez me disseram que tem dia que é melhor fingir que não amanheceu.


    - o foda é sentir essas sutilidades climáticas em sampa.

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  2. Suas frases laranja são sempre.. suas frases laranja!

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