sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cadillac Cultural

Queria eu saber amar como você... O meu amor se exprime numa exaltação violenta de tudo que eu sei e faço. E isso me torna o pior no que eu quero ser. Mas isso também me consome como se eu vivesse com uma centena de pregos dentro do meu rim. Tornando-me cansado, velho, peidorrento, desatento e realmente... Triste. Ela tem os cromossomos em seus exatos lugares e sempre uma cerveja na mão... tem simetria. Eu renasço constantemente nas suas piores maldades. Eu cedi. Nós construímos um deserto de distancia entre nossos corpos... E assim nossa tristeza cresceu a ponto de se fundirem e se tornar talvez nosso único ponto em comum. Eu lhe mando poemas com uma insipidez raríssima na esperança de conquistar (sempre chapado nem ele entende o que diz). E ela vai abortar o restante do amor que se fecundou de células literárias que serviam a ela como distração (ressaca de uma vida inteira, pirada por natureza, milagre de mudanismos, doentia ao extremo).



Frase Laranja da Sexta feira:
"Peixes não gostam de café"
Bart Simpson

domingo, 4 de julho de 2010

Sinapses

Mudo de medo
E domino o mundo

Desconfio do caminho
Tecendo um novo ninho

Que alarme
Para alar-me

domingo, 27 de junho de 2010

Para ser Nascimento

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Aquele Azul que levou nosso Trem
Derramou Lô na Esquina
e se Transformou nesse Sonho Real
Tudo que podia ser e não foi

(Um Dia)

Quando eu penso em tanta coisa
Que ficou por dizer
Bebo a chuva da Montanha
E sinto o Vento de Maio

(Até um Dia)

Solto a Voz nas Estradas
Antes do Pós
Na frente do Cais
Para ser Nascimento

(Até um Dia Acabar)

domingo, 20 de junho de 2010

Cegonhas na Lata Amarela

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Na lata amarela estavam as cegonhas
Implorando pelas chamas celestes
A procura de um bloco de notas

Elas queriam fazer um desenho
Mostrando o formato de seus bicos
Eles se assemelhavam a cadeiras
Dessas de balanço

Mas o dono da lata esmagou a lata
E as cegonhas morreram
O bloco perdido foi manchado de sangue
A mancha de sangue se assemelhava a um guindaste

E as chamas celestes desceram queimando o que restou.






*Eu e Hugo fizemos poemas começando pelo mesmo primeiro verso. O dele vocês podem ver aqui:
http://fromhellwithlasers.blogspot.com/2010/05/na-lata-amarela-estavam-as-cegonhas.html
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segunda-feira, 14 de junho de 2010

Compro centelhas de inspiração. Interessados, tratar aqui.

domingo, 13 de junho de 2010

As Pessoas Explodem



Vejam que belo
As pessoas estão explodindo
Seus corpos se estraçalhando
Se arrebentando em mil pedaços
O sangue voa e colore o ar
Os ossos se espalham
Assim como a gordura e os órgãos mortos
O chão fica melado, mal dá pra caminhar
Os corpos desfigurados se aglomeram
E as pessoas continuam explodindo
Me pergunto quando será a minha vez
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sexta-feira, 11 de junho de 2010

Marrom Van Dick

Acordei todo errado, o fígado em vez do coração. Tinha todos os dedos, mas me faltava tato com as mulheres... Mesmo assim eu tinha e gozava dos desejos alheios. A cabeça tinha um formato estranho, moldado por anos de violino. As suas medidas de miss e o ódio pela cor do céu quando amanhecia devagar. Feita de gesso, os olhos ruins e óculos bonitos. A minha idade começou a avançar. E eu recuo, nem me arrisco. Absurdo, tão humano quanto carne de porco. Vejo com uma nitidez especial, ela investe devagar a fim de evitar os espinhos... Que no começo fazem apenas riscos rosados, mas logo arranham até o sangue. “O que você quer ouvir hoje, querido?” “Qualquer coisa menos Bach”. “Ok, vou colocar Strawinski”. Pornografia e cultura pop, talento indiscutível. É normal querer morrer de vez em quando. Mas cavalos não sobem escada, não adianta tentar mudar. Caso perdido. Ela diz que é toda minha. Fica fácil fugir por entre os dedos se eu tenho você na palma da mão. Eu disse que você é inconstante como o mar. E você é livre para devorar o verão.